O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a surpreender o país nesta sexta-feira, 25 de julho, ao demonstrar perplexidade com um fenômeno democrático bastante comum: o direito dos eleitores de periferia votarem em quem bem entenderem.
Durante um evento no bairro Jardim Rochdale, em Osasco, onde anunciou investimentos bilionários para reurbanização de favelas, Lula decidiu transformar o palanque em confessionário e expôs sua frustração com o comportamento político das classes mais baixas.
Segundo ele, é incompreensível que um morador da periferia escolha um candidato rico. Numa analogia digna de fábula mal contada, Lula comparou o ato de votar em um político de posses a entregar um galinheiro nas mãos de uma raposa.
"O que leva uma pessoa que mora na periferia a votar num cara rico. Quando a gente vota num cara rico significa que a gente tá colocando uma raposa para tomar conta do galinheiro. Vocês acham que a raposa vai tomar conta do galinheiro?", questionou o presidente, como se os eleitores não fossem capazes de pensar por si próprios ou de fazer escolhas fora do cardápio aprovado por ele.
Não satisfeito, Lula reforçou que o velho discurso de “nós contra eles” ainda está vivo, embora agora com uma pequena correção estratégica. Segundo ele, não se trata de uma divisão promovida pelo seu governo, mas sim de uma perseguição invertida. "Não tem nós contra eles, são eles contra nós", afirmou, sem especificar exatamente quem são “eles”, mas dando a entender que a elite continua como vilã de estimação.
Não satisfeito, Lula reforçou que o velho discurso de “nós contra eles” ainda está vivo, embora agora com uma pequena correção estratégica. Segundo ele, não se trata de uma divisão promovida pelo seu governo, mas sim de uma perseguição invertida. "Não tem nós contra eles, são eles contra nós", afirmou, sem especificar exatamente quem são “eles”, mas dando a entender que a elite continua como vilã de estimação.
O comentário vem em meio à tentativa do governo de emplacar uma proposta para aumentar impostos sobre salários acima de 50 mil reais. A justificativa é nobre: isentar quem recebe até 5 mil. Mas o discurso moralizador, vindo de quem já circulou confortavelmente entre empreiteiras, bancos e alianças improváveis, soa no mínimo curioso.
Enquanto Lula fala em justiça social, movimentos alinhados ao Planalto tomam a Avenida Paulista pedindo a taxação dos “BBBs” (bilionários, bancos e bets) como se isso fosse, de fato, um plano econômico sólido e não apenas mais uma sigla de efeito para animar a militância.
O evento em Osasco teve ainda o anúncio de obras em três comunidades. Jardim Rochdale, Favela da 13 e Favela do Limite estão entre as contempladas. A promessa é de melhorias reais. A dúvida é se os recursos vão resistir ao caminho até as vielas.
Lula tem voltado com frequência às favelas paulistas, como quem tenta reconectar a imagem do líder popular com o povo que começa a olhar para outras direções. Mas, entre metáforas de galinheiro, discursos reciclados e indignações seletivas, o presidente parece esquecer de uma coisa básica: o eleitor, mesmo pobre, pensa. E às vezes pensa diferente dele.
No fim, resta a dúvida. Lula quer que o povo escolha livremente ou apenas entre as opções que ele aprova?
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